Foto: Divulgação da Peça |
Muitos causos acontecem, só sabe quem vive !
Mas daqueles que podem vir a público, lembro me de um dia que estávamos prestes a abrir o teatro na Vila Mariana, com o espetáculo Adega dos Anjos, com direção do Júlio Carrara e um elenco incrível.
A fila da plateia esperando para entrar no teatro alternativo que nem existe mais no lugar, caiu uma daquelas chuvas na cidade que mais parecia um dilúvio em São Paulo.
E para a alegria de todos da equipe de produção e nossa elenco, faltando minutos para a casa abrir todos nós tivemos que secar todo o chão e as cadeiras após a chuva torrencial passou para que fosse possível a plateia entrar e assistir ao espetáculo daquele dia.
Claro que a plateia nada suspeitou, entraram, sentaram, assistiram, aplaudiram, elogiaram ao espetáculo e nada perceberam do desespero que foi os instantes que antecederam a entrada deles.
E quanto a nós na coxia e no palco, o desespero daqueles minutos logo desapareceram e deu lugar ao êxtase de está no palco sendo senhores das palavras e das ideias.
E tudo se metamorfoseou-se e o Adega dos Anjos, transformava aquele humilde teatro alternativo em mosteiro, convento, cláusulas, curras, orgias, casa de familiar, confessionário e até em tribunal eclesiástico.
Era tão incrível o Bispo que eu tive o prazer e recebi de presente do Júlio Carrara, me lembro que naquele momento eu era apenas um menino saindo do curso de formação do Beto, ainda estava servindo o exército como cabo e minha filha era apenas um bebê.
Foi uma experiência alucinante naqueles dias vividos com todos da produção e artistas guerreiros que fazia arte pela arte, sem a preocupação de acertar ou errar, sem a preocupação de ganhar dinheiro, tanto que nossos cachês eu nem vou contar qual foi para não ser um texto cômico.
Ou até será história para um outro texto aqui no blog.
Namastê
Pedro Zacarias